quarta-feira, 17 de outubro de 2018



Religião é uma fé
compartilhada por muitos,
que moldam as suas vidas
em um mesmo ideal. 

Como chamar religião
à relação co’o sagrado
que hoje tem o indivíduo,
que escolhe o que quer crer?

Somos uma massa amorfa
sem o fermento do amor,
que não leveda este mundo,
massa que não será pão.




Uma vida que não tem qualquer sentido
é perdida pela minha geração,
que forjou uma existência desregrada
na fornalha infame do egoísmo seu.

Quer a liberdade e só encontra a morte;
a felicidade, mas jaz melancólica;
o hedonismo, que lhe ceifa o futuro;
o sucesso, porém vê-se ante o fracasso.

Desconhece o que seja o bem-comum,
igualmente, a beleza na harmonia,
a sacralidade que no outro existe
e a transcendência que nos faz humanos.

Deve buscar, todo artista, o equilíbrio,
que está presente em toda a Criação,
pois será este o caminho à harmonia,
que a humanidade um dia salvará.




Como pude sonhar que eu seria
da palavra algum dia artista
e deixar que minha vida passasse,
encontrando-me velho e estéril?!

Já não tenho a idade dos sonhos
e o tempo futuro abrevia-se.
Quando os frutos devia eu colher,
em desânimo ainda semeio.

Resta agora pequena esperança
de que um dia minh’arte germine.
No entanto, então, eu serei pó
e jamais sentirei o seu sabor.




O pequeno judeu escapou
de um gueto que o confinava,
à família e também o seu povo.

A cidade tornou-se um perigo,
as pessoas eram delatoras,
respirava-se medo e ódio.

Sem um lar que o pudesse esconder,
segurança encontrou n’um sepulcro,
o resquício de humanidade.




O arco-íris não foi feito
para agora o alcançarmos,
mas para ser contemplado
e, por ele, o Criador.




Os montes se sucediam
formados pelos pertences
de tantos aprisionados:
eram malas de viagens,
roupas de todos os tipos,
óculos entrelaçados,
sapatos com par perdidos,
crescendo a cada dia.
E aqueles que os usaram
jaziam nus e sem vida
em montes ‘inda mais altos.
Como o mundo fechou
os olhos ao Holocausto
que a milhões assassinou?


quarta-feira, 12 de setembro de 2018



Disse o poeta Neruda
em seu “Livro de Perguntas”,
se perguntar poderia
ao livro se o escrevera.

Uma questão que os poetas
colocam sempre a si
ao sentirem que a poesia
por musas foi-lhe soprada.